Assisti a uma palestra do Rodrigo Nasser sobre o impacto da tecnologia nos negócios, a gestão e na cultura das organizações no Brasil. Estava curioso para saber o que seria apresentado de novidade, se seria algo além da introdução dos temas IoT, Machine Learning e Big Data. Não me decepcionei. Além de apresentar alguns cases interessantes, uma mensagem recorrente que achei interessante:
Como algumas empresas usam os dados públicos do governo para criar valor. Quando falamos de governo, alguns veem problemas, outros veem oportunidades.
O Rodrigo não deixou de surpreender na apresentação, trazendo algumas perspectivas extremamente relevantes e interessantes sobre o estado da tecnologia no Brasil, com um pouco de uma visão de quem está no dia-a-dia do desenvolvimento da inovação tecnológica no país. Sua empresa, a ITU (Insights to Unlock) executa projetos para algumas das maiores empresas presentes no no Brasil, auxiliando-as na criação de projetos que usam tecnologias como IoT, Machine Learning, Deep Learning, NLP / NLU e Big Data. Sendo assim ele trouxe alguns cases interessantes de soluções desenvolvidas no Brasil.
Um pouco da síndrome de vira lata do brasileiro cria aquela sensação de que somos um país atrasado no desenvolvimento tecnológico. Somos bombardeados com notícias negativas sobre educação, sobre impostos, leis esdruxulas e corrupção. Mas como pensamos pelo viés do WYSIATI e como não estamos tão em contato com o que há de melhor no brasil, acabamos com a sensação de que não há nada de positivo.
Fora toda a apresentação sobre essas tecnologias, que não são muito novidade para parte dos executivos das empresas de ponta, houve uma mensagem que eu achei extremamente pertinente e que eu considerei diferente do que é tão repetido aos quatro ventos: o Brasil têm uma condição excepcional para o desenvolvimento de soluções de transformação digital.
O surpreendente aqui foi que parte dessa condição é causada por regras e determinações do governo.
Quando se fala em governo é comum logo criticar suas empreitadas, que mais atrapalham o cidadão e os negócios do que ajudam. Porém, Rodrigo mostrou como, na verdade, alguma das iniciativas do governo geraram oportunidades para o uso de tecnologias como Big Data, Automação e NLP.
Talvez o Brasil apresente algumas condições únicas no mundo.
Em suma, essa condição únca foi criada pelo governo quando determinou-se a obrigatoriedade da emissão NF eletrônica, ou NF-e. O acesso digital, aos dados de todas as compras registradas em notas fiscais, em associação com o acesso público sobre CNPJs e CPFs permitiu o surgimento de algumas soluções bem interessantes.
Empresas como a Arquivei que faz gestão de notas fiscais eletrônicas, por isso tem acesso a um grande número de dados, podem usar essas informações abertas para gerar informações valiosas para seus clientes. A partir dos dados eletrônicas é possível gerar uma infinidade de informações, que atendem tanto a demandas das áreas financeira e contábil, de operações, logística e de marketing. Tudo a partir do cruzamento das notas fiscais com outros dados abertos.
Uma das bases da criatividade é o olhar curioso e indagador. Porém, quantas vezes deixamos oportunidades passarem por ter uma visão pronta sobre algo?
Lembro-me que junto a obrigatoriedade da NF-e apareceram uma série de críticas ao sistema. É comum criticar e ser reticente em relação às novidades, principalmente quando elas implicam em um esforço de mudança. Mas, enquanto uns criticam, outros utilizam esses novos desafios como oportunidade.
Este é o meu principal ponto. A palestra do Rodrigo reforçou uma visão que tenho em relação às adversidades: que podemos reformular um problema e torná-lo em oportunidade.
Por mais óbvio e clichê que pareça, nem sempre fazemos isso na prática…
Quando mudanças ocorrem os dois comportamentos mais comuns são: criticar a mudança e se conformar ou se adaptar e transformá-la em normalidade.
Quase nunca paramos para procurar as oportunidades que as mudanças oferecem.
Tudo isso parte de reformulação (reframing) de um problema em uma oportunidade: ter que emitir notas fiscais eletrônicas, que no início isso foi uma grande dor de cabeça para as empresas, se transformou em uma oportunidade e fonte de valor.
Para isso é importante sempre ter um olhar atento e indagar, quando surgir um problema.
Algumas perguntas para quando surgirem problemas:
- Como eu torno esse problema em uma oportunidade?
- Qual é o lado positivo dessa mudança?
- Como isso pode gerar valor?
Posso desenvolver mais o tema, mas gostaria de saber a sua opinião e críticas antes. 🙂
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